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Por Trás dos Transgênicos

  • Sofia Cazelgrandi
  • 23 de jun. de 2015
  • 3 min de leitura

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Os alimentos transgênicos são aqueles que têm sua composição geneticamente modificada visando aumentar a produção e resistir a pragas para aumento do lucro. A comercialização de alimentos transgênicos é muito comum atualmente. Liberada no Brasil em 2003, o país em 2013, dez anos depois, já ocupava lugar de segundo maior produtor mundial de organismos geneticamente modificados (OGMs), perdendo apenas para os EUA.

A polêmica do assunto se deve à divisão de opiniões sobre o assunto. O ponto de vista abordado por aqueles a favor é que reduziria o uso de agrotóxicos, aumentaria a produção e melhoraria a qualidade dos alimentos. Por outro lado, muitos defendem que estes, apesar de aparentarem ser alimentos normais e melhorarem a produção, trazem mais riscos do que benefícios. Riscos esses ao meio ambiente e à saúde da população.

Nessa visão, desmentindo argumentos a favor, é alegado que o uso de transgênicos na verdade aumenta a necessidade de agrotóxicos, e não é à toa que o Brasil tem se tornado um dos maiores consumidores desse produto. Os danos ao meio ambiente também são notáveis quando discutimos a biodiversidade. O uso de agrotóxicos pode causar danos ao solo nas lavouras e ao redor delas, afetando ecossistemas, contaminando outros organismos naturais pelos transgênicos e afetando o processo de seleção natural, eliminando por competição - por ter mais resistência - os organismos naturais.

Os estudos sobre a relação dos OGMs com a saúde são muito divididos e incertos, porém existem estudos que mostram riscos à saúde. Nas atuais circunstâncias, é difícil afirmar que esses alimentos realmente fazem mal à saúde, porém não há afirmações de que são benéficos. Porém, se tratando de produtos não naturais, criados em laboratórios e visando os interesses desses produtores, sua qualidade é bem duvidosa.  A dificuldade de estudos se deve à uma questão de interesses, para que seja possível um estudo mais aprofundado e certeiro, é necessário acesso à meios de produção, que são inalcançáveis por parte das empresas, o que nos faz questionar porque essas informações são tão pouco acessíveis e a quem informações concretas sobre malefícios a saúde poderiam prejudicar - no caso, as grandes empresas. Outro ponto que dificulta estudos sobre o assunto é que para estes, são necessários grandes investimentos e muito tempo e trabalho, o que, novamente, nos remete à questão de interesses.

Os efeitos dos OGMs também afetam os produtores e a realidade do campo no Brasil, atingindo pequenos agricultores. O uso de sementes transgênicas é bastante estimulado e propagado - muitas vezes sem o agricultor ter conhecimento aprofundado sobre as sementes compradas. Nos bancos, por exemplo, é preciso certificado de que o agricultor tenha contratos com empresas de OGMs para realizar empréstimos. Essa relação cria um ciclo vicioso de dívidas, no qual quem só tem a perder é o produtor, pois com a compra de sementes transgênicas, é necessário pagar uma taxa periódica para as empresas, aumentando cada vez mais as dívidas e empobrecendo o solo, o que cria uma relação de dependência do produtor.

É  perceptível que a questão dos OGMs é muito mais profunda do que parece. Grandes empresas acabam por controlar, desde a base, o mercado alimentício, influenciando grande parte dos alimentos que consumimos, que tem grande importância, pois a comida, apesar de ser uma coisa tão normal para muitos, é a base da vida e constitui um mercado muito vasto e necessário para a população mundial, tornando a dependência dessas grandes empresas perigosíssima.

O assunto tem tido maior repercussão esse ano devido à aprovação do Projeto de Lei 4148\08 que acaba com a exigência do símbolo de transgenia nos rótulos dos alimentos. Projeto esse do deputado Luis Carlos Heinze, que afirma que os transgênicos são produtos seguros, associando esses com o crescimento agrário do país. É nítida a relação de grandes empresas com o atual governo brasileiro: a pouca fiscalização e a aprovação de leis favoráveis à essa indústria revela o poder dessas empresas no país, o que pode ser bem perigoso. Por isso, reforço a necessidade do entendimento desse problema e de que lutemos em busca de soluções alternativas que sejam mais saudáveis e igualitárias.

 
 
 

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